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Four Plays of Gil Vicente Part 15

Four Plays of Gil Vicente - LightNovelsOnl.com

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_P._ Homem, a que me trouxeste?

300 _C._ Quee? ainda agora vieste e has me de responder!

Declara a estes senh.o.r.es, pois foste damor ferida, qual achaste nesta vida 305 que e a moor dor das dores, e se as penas infernaes se sam aas do amor yguaes, ou se dam la mais tormentos dos que ca dam pensamentos 310 e as penas que nos daes.

_P._ Muyto triste padecer no inferno sinto eu mas a dor que o amor me deu nunca a mais pude esqueecer.

315 _C._ Que manhas, que gentileza ha de ter o bom galante?



_P._ A primeyra he ser constante, fundado todo em firmeza; n.o.bre, secreto, calado, 320 soffrido em ser desdanado, sempre aberto o coraco pera receber payxo mas nam pera ser mudado.

Ha de ser mui liberal, 325 todo fundado em franqueza, esta he a mor gentileza do amante natural: porque e tam desuiada ser o esca.s.so namorado 330 como estar fogo em geada ou hua cousa pintada ser o mesmo encorporado.

Ha de ser o seu comer dous bocados suspirando 335 & dormir meo velando sem de todo adormecer.

Ha de ter muy doces modos, humano, cortessa todos, seruir sem esperar della, 340 que quem ama com cautela no segue a t~ecam dos G.o.dos.

_C._ Qual he a cousa princ.i.p.al porque deue ser amado?

_P._ Que seja mui esforcado, 345 isto he o que mais lhe val.

Porque hum velho dioso, feo e muyto tossegoso, se na guerra tem boa fama com a mais fermosa dama 350 merece de ser ditoso.

Senh.o.r.es guerreyros, guerreyros!

& vos senhoras guerreyras bandeyras & no gorgueyras lauray pera os caualeyros.

355 Que a.s.si nas guerras Troys eu mesma & minhas irmas teciamos os estandartes bordados de todas partes com diuisas mui loucas.

360 Com cantares e alegrias dauamos nossos colares e nossas joias a pares per essas capitanias.

Renegay dos desfiados 365 & dos pontos enleuados destruase aquella terra dos perros arrenegados.

Oo quem vio Pantasileea com quarenta mil donzellas, 370 armadas como as estrellas no campo de Palomea.

_C._ Venha aqui: trazeyma ca.

_Z._ Deyxanos yeramaa.

_C._ Ora sus, questais fazendo?

375 _D._ O' diabo que teu encomendo & quem tal poder te daa.

_Entra Pantiselea e diz:_

_P._ Que quereis e esta chorosa rainha Pantasilea, aa penada, triste, fea, 380 pera corte tam fermosa?

Porque me quereis vos ver diante vosso poder, rey das grandes marauilhas que com pequenas quadrilhas 385 venceis quem quereis vencer?

Se eu, senhor, forra me vira, do inferno solta agora, e fora de mi senhora, meu senhor, eu vos seruira, 390 empregara bem meus dias em vossas capitanias, & minha frecha dourada fora bem auenturada & nam nas guerras vazias.

395 Oo famoso Portugal conhece teu bem profundo, pois atee o Polo segundo chega o teu poder real.

Auante, auante, senh.o.r.es, 400 pois que com grandes favores todo o ceo vos fauorece: el Rey de Fez esmorece, & Marrocos daa clamores.

Oo deixay de edificar 405 tantas camaras dobradas Muy pintadas & douradas.

Que he gastar sem prestar.

Alabardas, alabardas!

espingardas, espingardas!

410 Nam queyrais ser Genoeses senam muyto Portugueses & morar em casas pardas.

Cobray fama de ferozes, nam de ricos, que he perigosa, 415 douray a patria vossa com mais nozes que as vozes.

Auante, auante Lisboa!

que por todo mundo soa tua prospera fortuna: 420 pois que fortuna temfuna faze sempre de pessoa.

Archiles, que foy daqui de perto desta cidade, chamay-o: diraa a verdade 425 se no quereis crer a mi.

_C._ Ora sus, sus digo eu.

_Z._ Este clerigo he sandeu.

Onde estou que o nam crismo!

oo fideputa judeu 430 queres vazar o abismo?

_Vem Archiles & diz:_

_A._ Quando Jupiter estaua em toda sua fortaleza & seu gran poder reynaua & seu braco dominaua 435 os cursos da natureza; quando Martes influya seus rayos de vencimento & suas forcas repartia; quando Saturno dormia 440 com todo seu firmamento; e quando o Sol mais lozia & seus rayos apuraua & a Lua aparecia mais clara que o meo dia; 445 & quando Venus ctaua, e quando Mercurio estaua mais p.r.o.nto em dar sapiencia; & quando o ceo se alegraua & o mar mais manso estaua 450 & os ventos em clemencia; e quando os sinos estauam com mais gloria & alegria & os poolos senfeytauam & as nuu~es se tirauam 445 & a luz resplandecia; e quando a alegria vera foy em todas naturezas, nesse dia, mes & era quando tudo isto era 460 naceram vossas altezas.

Eu Archiles fuy criado nesta terra muytos dias & sam bem auenturado ver este reyno exalcado 465 & honrrado por tantas vias.

Oo n.o.bres seus naturaes, por Deos nam vos descudees, lembreuos que triumphaes; oo prelados, nam dormais!

470 clerigos, nam murmureis!

Quando Roma a todas velas conquistaua toda a terra todas, donas & donzelas, dauam suas joyas belas 475 pera manter os da guerra.

Oo pastores da Ygreja moura a ceyta de Mafoma, ajuday a tal peleja que acoutados vos veja 480 sem apelar pera Roma.

Deueis devender as tacas, empenhar os breuiayros, fazer vasos de cabacas & comer po & rabacas 485 por vencer vossos contrayros.

_Z._ a.s.si, a.s.si, aramaa!

dom zote, que te parece?

_C._ E a mi que se me daa?

quem de seu renda nam ha 490 as tercas pouco lhe empece.

_A._ Se viesse aqui Anibal e Eytor e Cepiam vereis o que vos diram das cousas de Portugal 495 com verdade & com razam.

_C._ Sus Danor, e tu Zebram: venham todos tres aqui.

_D._ Fideputa, rapaz, cam, perro, clerigo, ladram!

500 _Z._ Mao pesar vejeu de ti.

_Vem Anibal, Eytor, Cepiam & diz Anibal:_

_A._ Que cousa tam escusada he agora aqui Anibal, que vossa corte he afamada per todo mundo em geral.

505 _E._ Nem Eytor nam faz mister.

_C._ Nem tampouco Cepiam.

_A._ Deueis, senh.o.r.es, esperar em Deos que vos ha de dar toda Africa na vossa mo.

510 Africa foi de Christos, Mouros vola tem roubada: Capites, pondelhas mos, que vos vireis mais loucos com famosa nomeada.

515 Oo senhoras Portuguesas, gastay pedras preciosas, donas, donzelas, duquesas, que as taes guerras & empresas sam propriamente vossas.

520 e guerra de deuacam por honrra de vossa terra, commettida com rezam, formada com descricam contra aquella gente perra.

525 Fazey contas de bugalhos, & perlas de camarinhas, firmaes de cabecas dalhos; isto si, senhoras minhas, & esses que tendes daylhos.

530 Oo ~q nam honrram vestidos nem muy ricos atauios mas os feytos n.o.brecidos, nam briaes douro tecidos com trepas de desuarios: 535 dayos pera capacetes.

& vos, priores honrrados, reparti os Priorados a soycos & soldados, _& centum pro vno accipietis_.

540 A renda que apanhais o milhor que vos podeis nas ygrejas nam gastais, aos proues pouca dais, eu nam sey que lhe fazeis.

545 Day a terca do que ouuerdes pera Africa conquistar com mais prazer que poderdes, que quanto menos tiuerdes menos tereis que guardar.

550 Oo senh.o.r.es cidados Fidalgos & regedores escutay os atambores com ouuidos de Christos!

E a gente popular 555 auante! nam refusar!

Ponde a vida & a fazenda, porque pera tal contenda ninguem deue recear.

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About Four Plays of Gil Vicente Part 15 novel

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